Rav Isaac Luria, o Ari (que significa “O Leão”), faleceu em Hei B’Av, o quinto dia de Av, em 1572. A Kabbalah nos ensina que, no dia em que um tzadik (alma justa) deixa o nosso mundo físico, temos uma oportunidade especial de nos conectarmos com sua assistência espiritual. Essas celebrações de aniversário de falecimento, também chamadas de hilulá, ocorrem ao longo do ano e são momentos de reunião e estudo, muitas vezes até após a meia-noite, para nos conectarmos com as almas dos justos, que estão disponíveis para nos ajudar a superar o ego e os bloqueios que encontramos em nossas vidas. Todos os tzadikim (almas justas) ficam felizes em responder ao nosso convite, se juntar a nós e nos apoiar em todos os aspectos do nosso trabalho espiritual. Especificamente, ao nos conectarmos com o Ari em seu aniversário de falecimento, podemos verdadeiramente entender nosso próprio potencial de revelar Luz neste mundo.
O Ari nasceu em Jerusalém e, ainda criança, mudou-se com sua mãe para o Egito, onde viveu com seu tio por 13 anos. Os anos que o Ari passou no Egito foram dedicados ao processo de purificação da consciência, superação da fisicalidade em sua vida, transformação do desejo de receber e cumprimento de seu propósito de vida: compartilhar os segredos da Kabbalah. Durante esse período, ele atingiu níveis de iluminação e compreensão espiritual que o levaram a Safed, Israel, para ensinar ao Rav Chaim Vital os segredos da Kabbalah e, com isso, transmitir essa sabedoria às gerações futuras. A única razão pela qual o Ari veio a este mundo foi para ensinar os segredos da Kabbalah através de Rav Chaim Vital e, assim que completou sua missão, deixou o mundo físico aos 38 anos de idade.
A mensagem do Ari foi especialmente destinada ao nosso tempo. Quando Rav Ashlag fundou o Kabbalah Centre em 1922 e começou a ensinar o Zohar e os ensinamentos do Ari, o público leigo finalmente teve a oportunidade de compreender o Ari. Ele baseou seus escritos, chamados HaSulam (A Escada — comentário de Rav Ashlag sobre o Zohar), e as Dez Emanações Luminosas, nos ensinamentos do Ari. Essa sabedoria permaneceu oculta por mais de 400 anos, e mesmo os mais sábios dos estudiosos encontravam dificuldades para decifrar os escritos do Ari. Hoje, graças a Rav Ashlag, qualquer pessoa pode aprender e compreender a Kabbalah da forma como ela foi ensinada nos tempos do Ari.
O Zohar e o Talmude explicam que, quando aprendemos com os ensinamentos de um mestre específico, esse estudo por si só nos conecta com o mestre que nos conduziu a ele. Portanto, quanto mais aplicamos os ensinamentos do mestre em nossas vidas, mais nos conectamos a ele. O Sidur (livro de orações) do Kabbalah Centre é o meio pelo qual podemos nos conectar com o Ari e trazê-lo para perto de nós. O Ari nos ensina que, nos dias do Messias, não estaremos mais limitados por um conhecimento intelectual do passado, presente e futuro. Seremos capazes de vê-los todos diante dos nossos olhos. O Ari não era limitado por tempo, espaço ou encarnação, e ao nos conectarmos com ele, podemos também receber seu apoio para enxergar além do tempo, do espaço e do movimento.
Consciência espiritual não se traduz em poder mental, a não ser que a pessoa permita que a Luz a guie. A conexão com a Luz e com todos os segredos da Kabbalah não vem do intelecto e não pode ser aprendida em universidades, mas apenas ao nos conectarmos com a fonte da energia espiritual: a Luz do Criador e as almas dos justos que trouxeram a sabedoria da Kabbalah ao mundo. Sabemos como estabelecer essa conexão espiritual e como despertar a alma dentro de nós. Com ferramentas como o Zohar, os Kitvei Ha’Ari (Escritos do Ari), viagens espirituais aos túmulos dos tzadikim, conexão com os tzadikim em suas hilulás e participação nos programas cósmicos de Shabat e das aberturas cósmicas, podemos ter sucesso em nos conectar com nossas almas e em revelar e conhecer nossa missão pessoal. A alma já sabe de tudo. Nessas conexões, não estamos usando a mente, mas sim construindo uma ponte entre o mundo material e o mundo da verdade.
Cada vez que citamos um tzadik, temos o mérito de que sua alma se conecte à nossa. Assim, ao lermos os escritos do Ari e o invocarmos em nosso auxílio em sua hilulá, todos nós nos conectamos com ele e recebemos o mérito de sua ajuda e orientação.
Este artigo é um trecho de Days of Power – Parte 2, de Rav Berg.